Muito se fala do trabalho integrado entre os diversos
profissionais da voz e de como eles podem atuar no desenvolvimento e cuidado da
voz de um cantor, mas em muitos momentos não está claro quem deve, ou pode, fazer
o que.
Existem as profissões citadas no título e outras que podem
entrar e contribuir muito, como quem vai cuidar do corpo, da alimentação e da
mente do artista, mas vou falar apenas dos que lidam diretamente com a voz.
Na minha visão, mais do que a profissão que cada um exerça,
é importante entender o papel de cada um, pois isso vai determinar a formação que épreciso ter. Existem 3 campos onde esses profissionais
podem atuar: habilitação, reabilitação e direcionamento artístico.
Habilitação é o ato de tornar alguém capaz de fazer algo,
reabilitação é pra quando esse alguém deixa de fazer o que sabia e precisa
retomar, e direcionamento artístico vai trabalhar as estéticas específicas e
nuances de interpretação e repertório que será executado.
E onde entram as 4 profissões nessas 3 áreas?
Pois é, um dilema matemático. Existe um trabalho de 2 excelentes
professores e pesquisadores, o americano Brian Gill e o austríaco Christian
Herbst, que acredito que resolve esse dilema, e vou me inspirar nele para
comentar aqui.
Esses 3 papéis podem ser divididos em: Construção da Voz, Preparação
Vocal e Reabilitação.
O papel de construção da voz pode ser realizado
por um professor de canto que entenda profundamente de fisiologia da voz,
acústica e ciências da voz em geral ou por um fonoaudiólogo que seja
especialista em voz e entenda de música e das necessidades de cada cantor em
cada tipo de repertório. Essa pessoa será como o luthier, responsável por ensinar
o cantor a acionar mecanismos e comportamentos vocais, ter condicionamento,
resistência, flexibilidade e ser capaz de produzir diferentes ajustes de voz. É
ele que ajuda o cantor a ampliar a extensão vocal, alternar timbres,
realizar efeitos como ornamentos e distorções vocais. Este tem que ser capaz de transformar completamente a voz de um cantor, iniciante ou profissional.
A preparação vocal vai pegar tudo isso que foi construído e
vai dar uma utilidade prática. Este pode ser um professor de canto, obviamente
um preparador (vocal coach, pois em inglês fica mais gourmet) ou diretor musical e até mesmo fonoaudiólogo, cantor, produtor de estúdio, etc.. Aqui a necessidade
de um conhecimento estético e de modelos de resultados sonoros e artísticos é imprescindível.
Não se faz preparação vocal sem entender muito de música e de diferentes estilos de música e suas especificidades. Este normalmente possui experiência real de palco, viagens, gravações e performance e irá trabalhar
fraseados, dinâmicas, modulações, escolher onde cada tipo de produção vocal
fica melhor e por aí vai. É a organização do tal do “feeling”, é o que faz o trabalho do luthier da voz aparecer com maestria. Ele pega um cantor já tecnicamente bem resolvido e mostra onde se destacar.
No papel da reabilitação o professor de canto entra como
auxiliar, ajudando, sob orientação, o cantor a utilizar a voz sem que isso o
cause danos, ou dificulte sua recuperação, mas quem manda nesse papel é o
pessoal do jaleco branco. Aqui otorrinos fazem o diagnóstico, medicam quando
necessário, operam em último caso e passam a bola para a galera da fono montar os programas de terapia
mais eficientes em cada situação. O ideal é que sejam especialistas em trabalho com cantores, dá muito problema passa em profissional da saúde que não entende das especificidades da voz cantada. Se um cantor faz terapia com fono, quando essa termina o/a fono pode seguir em um dos outros dois papéis, apenas se estiver muito bem preparado para tal assumindo que não será mais realizado trabalho de rehabilitação mas de construção ou preparação, ou indicar para outro profissional mais apropriado.
Seguindo essa ideia fica muito mais fácil entender como cada
um auxilia o trabalho do cantor. O cantor precisa desses 3 papéis, que as vezes
pode ser feito por 2 profissões e as vezes pode precisar de 4 ou até mais, dependendo de cada caso.
No fim, ainda sobra o principal, o próprio cantor. Este deve
procurar as pessoas que mais se identificar, tentando driblar as tentações do
marketing fácil e se empenhando para fazer com que cada um desses momentos seja
o mais proveitoso possível, se dedicando aos estudos e treinos ou à
terapia, pois profissional da voz ainda não faz milagre 😉
Você sabe de qual precisa?
Esse meu amigo sempre mandando bem ...
ResponderExcluirPerfeito!!!!
ResponderExcluirSou sua fã 😉
ResponderExcluirPerfeito, sou professora de canto e sempre explico isso para meus alunos, que cada profissional tem seu papel na vida do cantor.
ResponderExcluirTodos são importantes para o desenvolvimento do canto
Bom dia! Sou fonoaudióloga e o texto tem erros.
ResponderExcluir1. Quem tem formação para entender de "fisiologia da voz, acústica e ciências da voz" é o fonoaudiólogo APENAS.
2. Ajustes de trato vocal só podem ser realizados por um FONOAUDIÓLOGO, logo, o unico profissional que pode fazer isso aqui - "Este tem que ser capaz de transformar completamente a voz de um cantor, iniciante ou profissional." e "acionar mecanismos e comportamentos vocais, ter condicionamento, resistência, flexibilidade e ser capaz de produzir diferentes ajustes de voz. É ele que ajuda o cantor a ampliar a extensão vocal, alternar timbres, realizar efeitos como ornamentos e distorções vocais" é o fonoaudiólogo APENAS.
3. No papel de reabilitação, o professor de canto pode APENAS orientar o cantor a procurar um fonoaudiólogo. O professor de canto não tem formação para ser apto a "auxiliar, ajudando, sob orientação, o cantor a utilizar a voz sem que isso o cause danos, ou dificulte sua recuperação"
4. O dianóstico de disturbios vocais é feito também pelo FONOAUDIÓLOGO.
É preciso ter cuidado ao produzir um material assim com tantas afirmações equivocadas. Antes de produzir um material público, precisamos conhecer as profissões, seus códigos de eticas e regulamentações. Produzir material é de grande responsabilidade.
fica meu convite para discutirmos esses temas
ExcluirVai ser excelente a discussão, pois que realmente, não é somente os.fonoaudiologos que tem formação para entender fisiologia da voz, acústica, etc. Tanto o canto ou p bacharel.em.regencia r outros instrumentos, possui em sua formação a acústica. Enfim.
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