A série de textos que conta o desenvolvimento das descobertas e técnicas do uso da voz e da fala que postei aqui no blog tem uma razão de ser, e ela é bem simples.
Muitos alunos ou interessados em aula de canto nunca treinaram, estudaram ou cantaram na vida e de repente resolveram que seria interessante começar, mas muitos deles acreditam, por ouvirem pessoas comentando, textos nos fóruns de internet, vídeos no youtube, amigo do amigo que falou, ou até mesmo "professor de canto" que disse que aula de canto não resolve, que para cantar é preciso nascer com o dom para aquilo, que é preciso ter um talento quase mágico para poder cantar bem.
Estudando a nossa história é possível compreender o porque dessa visão inatista que a arte em geral possui, e principalmente o canto. Por muitos e muitos séculos não se sabia como a voz funcionava, não se sabia de onde vinha e como poderíamos melhorá-la. Já culparam os deuses, demonios, os nervos, a força de vontade, a espiritualidade, a respiração, a capacidade de criar imagens abstratas e direcionar o som como se esse fosse um raio laser, um haduken, um meteoro de pégasus (ou um da paixão, hehe). Mas só mais recentemente que começaram a entender que a responsabilidade é da falta de controle que temos do nosso próprio corpo e a falta de condicionamento físico vocal.
Sabendo disso fica mais fácil entender que para cantar precisamos, em primeiro lugar, entender como nosso corpo trabalha e como podemos ajudar esse trabalho a acontecer e direcioná-lo para o que queremos.
Feito isso desenvolvemos a voz como um instrumento musical, que podemos ajustar, mexer aqui e ali, colocar efeitos, apromorar nossa técnica e por fim, usar essá-la como ferramenta para podermos expressar sentimentos e emoções de uma forma que toque aquele que ouve, que emocione quem for pego de surpresa pela nossa voz.
O talento para o canto é nada mais que a capacidade de compreender em que estágio desse controle corporal e vocal nós estamos e da força de vontade para não desistir de controlá-lo por completo. Não adianta ter pressa e querer pular etapas, o lado psicológico é determinante, o desenvolvimento é gradual e contínuo, se você não o atingiu é porque parou antes do que devia ou está seguindo pelo caminho errado.
Afirmo, com certeza, e a história e a ciência vocal vêm comprovando, que quem quer canta. Mas não posso dizer que será fácil ou difícil, isso depende de cada um. O papel do professor é ajudar e mostrar como o aluno pode trabalhar o que precisa, para isso o professor tem que se dedicar, estudar e entender que as coisas estão mudando e mudarão mais, mas quem vai ter que se dedicar mesmo é o aluno.
Conhecer a história também nos faz entender a visão ultrapassada de que o canto lírico seria a melhor, mais saudável e mais completa forma de estudar canto, portanto, que deveria ser o início de todo cantor. Se analisarmos os textos anteriores, veremos tratados sobre canto erudito desde o século XVI. Até o século passado, ninguém se interessava em pesquisar canto popular (como se fosse possível generalizar os ajustes utulizados em jazz, musical, rock, metal, sertanejo, gospel, blues, MPB, etc.), e esse período de dominação do canto lírico acabou gerando incontáveis preconceitos sobre o canto "não-lírico", e posso afirmar com alegria, que todos eles já foram quebrados pela ciência vocal, e todo professor de canto precisa estar atualizado para não disseminar ainda mais esses conceitos errados.
Lutar contra o senso comum é papel do bom pedagogo vocal e especialista em voz.
Ótima postagem Mauro, o conhecimento da fisiologia da voz quebrou muito paradigmas que limitam a capacidade de desenvolver o canto, como se dependesse só do "Ter dom". Como foi expresso no poste isso é um pensamento ultrapassado pelo fato de que hoje se sabe como é produzida a voz, que não depende apenas do psicológico e do emocional e sim da forma que se trabalho todo aparato vocal.
ResponderExcluirSaber onde quer chegar e como ir lá, e óbvio, fazer o caminho, é só isso que precisa!
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